22 de jul. de 2007

O Fim da Infância


Na sociedade pré-industrial a criança e o adolescente eram encarados de uma forma diferente da dos dias atuais. A duração da infância era reduzida; a criança logo que adquirisse algum desembaraço físico era misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena transformava-se imediatamente em homem ou mulher jovem, sem passar pelas etapas da juventude, o que é um aspecto essencial das sociedades evoluídas de hoje. A passagem da criança pela família era, portanto, muito breve e insignificante para que se tivesse tempo ou razão de forçar a memória ou a sensibilidade, como é demonstrado pela raridade das alusões às crianças e às suas mortes nos diários de famílias medievais. A partir do fim do século XVIII tudo muda; a escola substitui a aprendizagem como meio de educação e a criança deixa de aprender a vida diretamente, através do contato com adultos, sendo mantida em uma espécie de quarentena antes de ser solta no mundo. Começou então um longo processo de enclausuramento que se estenderia até nossos dias e ao qual se dá o nome de escolarização...

(Em "A Família de Tito", quadro pintado em 1668 pelo holandês Rembrandt, podemos observar crianças vestidas como adultos)
Recomendação do dia: O livro "O Mito da Idade Média", de Regine Pernoud, ed.Europa-América, onde a historiadora francesa desafia a opinião generalizada de que o período medieval teria sido uma época de trevas, encaixada entre os séculos gloriosos da Antiguidade e do Renascimento.