10 de jun. de 2006

"Se lembra quando era só brincadeira, fingir ser soldado a tarde inteira..."


Um dos episódios mais obscuros acerca de nossa participação na Itália durante a Segunda Guerra Mundial é o que se refere à condenação à morte de membros de um pelotão da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que, segundo documentação oficial, haveriam matado um velho italiano e estuprado sua neta em fins de 1944. Em que pese os nomes dos envolvidos terem aparecido no jornal "O Globo" (6/10/1945), no semanário "O Cruzeiro" e nos volumes 22 e 27 da Jurisprudência do Supremo Tribunal Militar, o assunto foi abafado ainda durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas, que indultou a todos. Posteriormente um dos envolvidos no bárbaro crime chegou a fazer parte da guarda de Vargas no Palácio das Águias, no Catete, após a posse do ex-ditador em seu retorno ao poder no ano de 1950.

(Na foto acima, soldados brasileiros escoltam prisioneiros alemães capturados em Monte Castelo. É interessante constatar que quase todas as fotos dos pracinhas foram posadas, não havendo praticamente registros de combates. Isso ocorreu porque os jornalistas brasileiros encarregados de cobrir a FEB dificilmente íam à linha de frente, pois a censura era realizada de forma descabida, tolhendo a ação dos repórteres, algo que pode ser confirmado pelo fato de que nenhum dos nossos correspondentes foi sequer ferido, o que é raro neste tipo de atividade).
Recomendação do dia: O livro "As Duas Faces da Glória", de William Waack, Ed.Nova Fronteira - Uma crítica histórica bem documentada das versões existentes sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.