10 de out. de 2007

Entre a Cruz e as Estrelas


A partir de um determinado momento, a contemplação dos céus torna-se aos poucos observação e a reverência diante da obra da criação divina se transforma em dúvida e curiosidade diante dos mecanismos do seu funcionamento. O conhecimento do mundo havia sido apresentado inicialmente como conhecimento de Deus, intermediado pela Revelação, através da Bíblia. A libertação do pensamento ocidental só ocorre quando se ousa qualificar a linguagem bíblica como linguagem simbólica.

(Em 1543 foi publicada uma obra imponente, sob o título de "As Revoluções dos Orbes Celestes". O autor era um destacado astrônomo polonês chamado Nicolau Copérnico, que vivera longo tempo na Itália. As idéias desse livro apresentam a tese do heliocentrismo, na qual afirmava-se que o centro do sistema planetário é o Sol, não a Terra. Copérnico não teve tempo de desfrutar do renome que esta obra lhe proporcionaria, pois faleceu de morte natural no mesmo ano de sua publicação. Em 1616 as teses copernicanas são condenadas pela Igreja e o heliocentrismo proibido, até que em 1835, mais de dois séculos depois, a sentença é suspensa. Como afirmou um cardeal durante esse processo, "...a intenção do Espírito Santo é ensinar-nos como se vai para o céu e não como vai o céu...")
Recomendação do dia: O livro "A Filha de Galileu", de Dava Sobel, ed.Companhia das Letras, uma biografia de Galileu Galilei baseada nas cartas - pouco conhecidas - que sua filha mais velha (uma freira enclausurada chamada Maria Celeste em homenagem à paixão do pai pelos mistérios do céu) lhe escreveu por duas décadas.