24 de nov. de 2006

Irlanda


Há lugares que um historiador precisa visitar e, se a mim coubesse uma escolha, em primeiro lugar eu iria à Irlanda, pois gostaria de conhecer a terra e as pessoas cujos antepassados salvaram a Civilização Ocidental. Explico: no período entre a queda de Roma e a ascensão de Carlos Magno - etapa conhecida como "Idade das Trevas" - o aprendizado, a erudição e a cultura praticamente desapareceram do continente europeu. A grande herança da Civilização Ocidental - desde os clássicos gregos e romanos até textos bíblicos de judeus e cristãos - teria sido inteiramente perdida não fosse pelos monges da Irlanda, uma região que permaneceu ilesa aos ataques das hordas bárbaras. Com a volta da estabilidade à Europa, os estudiosos irlandeses foram instrumentais na disseminação deste conhecimento. Eis a razão pela qual gostaria de conhecer esse povo, que não apenas preservou a civilização, mas também se tornou formador da mentalidade medieval, colocando sua marca singular na cultura ocidental.

(A foto mostra as ruínas de um mosteiro franciscano fundado em 1357 na localidade de Headford, Irlanda. Em locais como esse, longe dos saques ocorridos no continente, monges e escrivães, com amor e desprendimento, copiaram e preservaram laboriosamente os tesouros manuscritos do Ocidente)
Recomendação do dia: O livro "Quando Jesus se tornou Deus", de Richard E. Rubenstein, Fisus Editora - São poucos os cristãos desse século que sabem da intensa disputa religiosa, social e política que marcou 60 anos do século IV. O autor explica os elementos da luta teológica que se refletiu em uma monumental mudança histórica: o cristianismo, que de uma seita perseguida, tornou-se a religião oficial do Império Romano.