9 de jan. de 2011

Fraude na morte de Santos Dumont


A morte de Santos Dumont foi por décadas relacionada a seu desgosto pelo uso de aviões para fins militares e a palavra “suicídio” não era dita em sala de aula, para que o fim de um dos poucos heróis nacionais, capaz de inspirar os pequenos e motivar os adultos, fosse digno de sua biografia. Sustentando as versões “moralmente elevadas” do desaparecimento do aviador havia um laudo necrológico, que indicava morte por “colapso cardíaco”. Uma fraude. Dumont morreu em 23 de julho de 1932, aos 59 anos, no banheiro do Grand Hôtel de La Plage, na cidade balneária de Guarujá. Há controvérsias sobre o material utilizado como corda: o cinto do roupão ou uma gravata. A idéia de forjar o laudo necrológico teria sido partilhada por autoridades governamentais e familiares do inventor. Ajeitados os trâmites, a fraude ficou, e a verdade só aos poucos foi sendo descoberta. Hoje se diz, com base em relatos, que o glamour que o aviador esbanjava escondeu por décadas episódios de depressão profunda ou de uma doença psíquica mais grave – e incontrolável para a medicina da primeira metade do século XX, como seria o caso de transtorno bipolar. No dia da morte, Santos Dumont havia aproveitado a natureza: conta-se que deu um passeio pela linda praia de Pitangueiras, andou de charrete e retornou ao hotel para almoçar. Passou pelo quarto e de lá não desceu. Funcionários do hotel o encontraram já morto.