Teria sido o surgimento dos intelectuais um fenômeno ocorrido apenas no final do século XVII, como afirma Paul Johnson, quando pensadores seculares substituíram padres, escribas e adivinhos, os quais em épocas de maior religiosidade haviam conduzido a sociedade ou, segundo opinião de Jacques Le Goff, seria o intelectual fruto da revolução urbana situada nos séculos XII e XIII que permitirá a emergência das universidades, verdadeiras catedrais do saber, nas quais grandes debates forjam os músculos dos trabalhadores da idéias? Independente do momento em que aparecem, os intelectuais não serão encarados nem como servos nem como intérpretes dos deuses e sim como seus substitutos, capazes de diagnosticar as doenças da sociedade e de curá-las com seu intelecto auto-suficiente...
Recomendação do dia: O livro "Descartes - Uma biografia intelectual", de Stephen Graukoger, ed.Contraponto, que trata da vida e obra de René Descartes, cuja filosofia encontrou oposição na Igreja e nas universidades até o século XVIII. Excluído da Academia das Ciências, o cartesianismo cedo se transformou em filosofia social específica, que aplicou o método da dúvida e o princípio das idéias claras e distintas ao pensamento vigente, desmascarando a falsidade de preconceitos e a presunção de verdades definitivas.
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